2008-08-19

Influência da corte na Ciência

Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios

O objetivo da escola era a implantação do ensino das artes no Brasil segundo o paradigma acadêmico, o neoclassicismo francês, vigente na Europa até o advento do Impressionismo e da Arte Moderna.


Criada pelo príncipe regente D. João, foi inaugurada em 1816 mas começou a funcionar efetivamente apenas em 1826. O núcleo fundador foram os professores da Missão Artística Francesa. A Academia funcionaria com este nome até a Proclamação da República, quando foi renomeada para Escola Nacional de Belas Artes.

Abaixo segue um trecho do decreto por meio do qual o príncipe regente estabelece a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, e concede mercê de pensões a vários estrangeiros que seriam empregados na instituição.

Conjunto documental: Contadoria Geral do Tesouro Público. Registro de cartas, provisões, alvarás e decretos
Notação: códice 62 vol.02
Data-limite: 1816-1818
Título do fundo: Tesouro Nacional
Código do fundo: C 2
Argumento de pesquisa: Escola Real dos Cientistas, Artes e Ofícios
Local: Rio de Janeiro
Data: 12 de agosto de 1816
Folha(s): 30, 30v e 31

‘Fazendo-se por tanto necessário aos habitantes o estudo das belas artes[2] com aplicação e preferência aos ofícios mecânicos[3] cuja prática, perfeição e utilidade depende dos conhecimentos teóricos daquelas artes e difusivas luzes das ciências naturais, físicas e exatas: E querendo para tão úteis fins aproveitar desde já a capacidade, habilidade e ciência de alguns dos estrangeiros, que tem buscado a minha real e graciosa proteção para serem empregados no ensino e instrução pública daquelas artes(...)”


Glossário:

[2] A concepção de artes vigente na época abarcava atividades distintas que podem ser agrupados em belas artes e artes mecânicas, cujas fronteiras, no entanto não podem ser traçadas com muita nitidez. Assim, o engenheiro podia tanto projetar chafarizes e outras obras públicas como também receber a incumbência de preparar as decorações nas ocasiões especiais, festas cívicas ou religiosas. Os escultores dedicavam-se a fabricar imagens de santos para as igrejas, mas também faziam armações para altares e andores. Os artistas especializavam-se em mais de uma atividade, e separar de forma estrita as artes do artesanato e dos ofícios mecânicos não é tarefa fácil. As atividades de ambos os campos imiscuíam-se com freqüência, e os conhecimentos exigidos para a sua realização igualmente careciam de fronteiras explícitas. Dos pintores exigia-se que soubessem mitologia, geometria, ótica, anatomia, além de conhecimentos específicos de acordo com a área de atuação: pintura histórica, os de paisagem, os de perspectiva.

[3] Se a concepção de artes no início do século XIX incluía atividades que iam do artesanato (confecção de andores e lápides, etc) às ciências (ciências mecânicas, militares, etc), pode-se afirmar que a noção de ofícios mecânicos se prendia à idéia de “artes úteis”, que permitiam uma aplicação concreta em campos como a guerra, a engenharia, ciências naturais, tipografia, ou seja, na produção de bens ou serviços públicos. Por serem considerados impulsionadores de atividades econômicas, os ofícios mecânicos eram considerados mais relevantes do que as belas artes. As artes mecânicas incluíam ourivesaria, marcenaria, e até concepção de inventos e máquinas destinados a melhorar algum aspecto da produção de bens.

Fonte:

www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/.../sys/start.htm?infoid=827&sid=101&tpl=printerview, acessado em 19 de Agosto de 2008, às 21:19h.

http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=827&sid=101&tpl=printerview, acessado em 19 de Agosto de 2008, às 21:19h.

Conclusão:

Embora a vinda da corte tenha deixado muitos legados na astronomia, biologia, medicina e botânica, muitas vezes a ciência era utilizada como meio de aperfeiçoar as atividades mecânicas, que, segundo o pensamento da época, eram as mais lucrativas. Este fato é citado no trecho: “(...)ofícios mecânicos[3] cuja prática, perfeição e utilidade depende dos conhecimentos teóricos daquelas artes e difusivas luzes das ciências naturais, físicas e exatas(...)”.

Postado pela a aluna Luana, Número 40521.

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