2008-08-28

Causas da Vinda

Engana-se quem acha que a idéia da corte portuguesa de se mudar para uma de suas colônias foi tomada de última hora.Na tentativa de avanço dos tercios do duque de Alba, o prior do Crato terá sido aconselhado a buscar um reduto além-Atlântico. Tempos depois, o padre António Vieira apontou idéia semelhante a dom João IV, associando-a ao vaticínio da fundação do Quinto Império. Mais tarde, sem ameaça militar iminente, o diplomata dom Luís da Cunha defendeu a idéia de se transferir para o Brasil a sede da monarquia portuguesa.

Perante a ameaça militar, além de sugerida, a idéia teve inícios de concretização quando a Espanha invadiu Portugal como conseqüência do "Pacto de Família"(aliança formalizada a 15 de Agosto de 1761 entre França e Espanha, países então governados por membros da Casa de Bourbon, contra o então denominado Reino Unido da Grã-Bretanha.), chegando o marquês de Pombal a mandar aprontar uma esquadra que transportaria o rei D. José I e a sua corte.
No novo contexto internacional criado pelo Império de Napoleão Bonaparte, a idéia da retirada para o Brasil voltou à tona, sendo defendida pelo marquês de Alorna em 30 de Maio de 1801 e, em 16 de Agosto de 1803, por dom Rodrigo de Sousa Coutinho.

  • O Bloqueio Continental

Nos primeiros anos do século XIX grande parte da Europa estava sob o domínio de Napoleão Bonaparte, que se tornara imperador francês, em 1804. O único obstáculo à consolidação de seu Império na Europa era a Inglaterra, que, favorecida por sua posição insular, por seu poderio econômico e por sua supremacia naval, não conseguiria conquistar. Para tentar dominá-la, Napoleão usou a estratégia do Bloqueio Continental, ou seja, decretou o fechamento dos portos de todos os países europeus ao comércio inglês. Pretendia, dessa forma, enfraquecer a economia inglesa, que monopolizava o mercado consumidor europeu com seus produtos manufaturados. Com essa medida, Napoleão buscava garantir mercados consumidores para as manufaturas francesas.

O decreto, datado de 21 de novembro de 1806, dependia, para sua real eficácia, de que todos os países da Europa aderissem à idéia e, para tanto, era crucial a adesão dos portos localizados nos extremos do Continente, ou seja, os do Império russo e os da Península Ibérica, especialmente os de Portugal. O Acordo de Tilsit, firmado com o tzar Alexandre I da Rússia, em julho de 1807, garantiu a Napoleão o fechamento do extremo leste da Europa. Faltava agora o fechamento a oeste, quer dizer, os portos das cidades de Lisboa e do Porto, fosse por meio de acordo ou de ocupação militar.

Um grande problema para os planos expansionistas de Napoleão era a posição dúbia do Governo de Portugal, que relutava em aderir ao Bloqueio Continental devido à sua aliança com a Inglaterra, da qual era extremamente dependente. O príncipe D. João, que assumira a regência em 1792, devido ao enlouquecimento de sua mãe, a rainha D. Maria I, estava indeciso quanto à alternativa menos danosa para a Monarquia portuguesa.

Sendo um reino decadente, cuja grande riqueza eram as suas colônias, especialmente o Brasil, Portugal não tinha como enfrentar Napoleão. Permanecer na Europa significava, portanto, ficar sob a esfera de dominação francesa. A alternativa que sua aliada, a Inglaterra, lhe apontava como a melhor era a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, que passaria a ser a sede do reino. Essa alternativa contava com o apoio de uma parte da nobreza portuguesa sendo, também, bastante atraente para os interesses ingleses.

O sentimento de inferioridade de Portugal em relação às demais potências européias é apontado pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda como um forte motivador para o desejo da instalação da Corte no Brasil, quando diz que "...o luxo da Corte não apaga no reino a consciência da inferioridade dentro de velho continente. Portugal está cansado de ser pequeno, e, reatando a antiga vocação transmarina pela voz de alguns expoentes, toma a consciência de que pode ser muito grande...".

Muitos dos letrados do reino reconheciam que a importância de Portugal no cenário internacional devia-se à sua rica Colônia americana, e a viam como sua tábua de salvação. Para os que defendiam essa idéia, o ideal seria a implantação, no Brasil, de um Império luso-americano. Assim, tendo em vista a difícil situação em que se encontrava o Governo português, imprensado entre os interesses ingleses e franceses, era natural que essa possibilidade fosse lembrada como a melhor das soluções. Dessa forma, a expansão napoleônica na Europa e a ameaça de invasão de Portugal por suas tropas serviram de elemento desencadeador de uma idéia há muito elaborada.Para pressionar o príncipe-regente D. João, Napoleão enviou-lhe um ultimato, em agosto de 1807, para que rompesse com a Inglaterra e prendesse os súditos ingleses que habitassem o reino, confiscando-lhes os bens. Caso não cumprisse as ordens, Portugal seria invadido pelas tropas francesas comandadas pelo general Junot. Os ingleses, por seu lado, também se movimentavam para proteger seus bens e seus súditos em Portugal da ameaça francesa, levando-os para a Inglaterra. Ao mesmo tempo tentavam forçar D. João a se decidir a embarcar para o Brasil.

· Os Interesses Ingleses

Para os ingleses a vinda da Corte para a Colônia era muito importante, pois, por meio de acordos diplomáticos, poderiam conseguir inúmeras vantagens para os seus negócios. Esse comércio serviria de compensação para os prejuízos econômicos causados pelo Bloqueio Continental. Outro fator de interesse dos ingleses na questão dizia respeito à possibilidade de utilização dos portos brasileiros para fazer chegar suas mercadorias à região do rio da Prata, bem como facilitar sua estratégia de penetração militar na América espanhola.

A insistência do embaixador inglês em Portugal, Lord Strangford, em convencer o príncipe-regente a deixar logo Lisboa relaciona-se ao temor de que a esquadra portuguesa, concentrada no rio Tejo, caísse em poder das forças napoleônicas. Não interessava aos ingleses que o imperador francês tirasse algum proveito do reino e de suas colônias. Com a situação ficando cada vez mais tensa, após um segundo ultimato francês, a Coroa portuguesa se viu forçada a assinar uma Convenção secreta com a Inglaterra, em 22 de outubro de 1807, pela qual os dois países acertavam os termos de uma cooperação caso Portugal fosse obrigado a se voltar contra a Inglaterra, para evitar a guerra.

A Convenção secreta, assinada em Londres por representantes dos dois países, detalhava as várias medidas passíveis de ser tomadas por Portugal na questão, e previa as ações necessárias à sua proteção, a cargo da Inglaterra, em qualquer caso. A posse da Colônia americana, de cuja riqueza dependia a Metrópole, era a preocupação máxima tanto da Coroa portuguesa, como da Inglaterra, que a via como grande fonte de lucros. O documento dispunha, também, sobre a transferência temporária da sede da Monarquia portuguesa para a Colônia, no caso de Portugal ser invadido. Enfatizava ainda a recomendação do príncipe-regente para que nenhuma assistência fosse prestada a qualquer oficial francês, nem no Brasil, nem na ilha da Madeira. Esse acordo foi elaborado pelos ingleses, por meio do Lord Strangford, que buscava, dessa maneira, tornar o Governo português ainda mais dependente e, com isso, obter o maior número de concessões possível.

A viagem começa no dia 29 de novembro de 1807,saindo do porto de lisboa e comandada pelo vice-almirante Manuel da Cunha Souto Maior.

Engana-se quem acha que a idéia da corte portuguesa de se mudar para uma de suas colônias foi tomada de última hora.Na tentativa de avanço dos tercios do duque de Alba, o prior do Crato terá sido aconselhado a buscar um reduto além-Atlântico. Tempos depois, o padre António Vieira apontou idéia semelhante a dom João IV, associando-a ao vaticínio da fundação do Quinto Império. Mais tarde, sem ameaça militar iminente, o diplomata dom Luís da Cunha defendeu a idéia de se transferir para o Brasil a sede da monarquia portuguesa.

Perante a ameaça militar, além de sugerida, a idéia teve inícios de concretização quando a Espanha invadiu Portugal como conseqüência do "Pacto de Família"(aliança formalizada a 15 de Agosto de 1761 entre França e Espanha, países então governados por membros da Casa de Bourbon, contra o então denominado Reino Unido da Grã-Bretanha.), chegando o marquês de Pombal a mandar aprontar uma esquadra que transportaria o rei D. José I e a sua corte.
No novo contexto internacional criado pelo Império de Napoleão Bonaparte, a idéia da retirada para o Brasil voltou à tona, sendo defendida pelo marquês de Alorna em 30 de Maio de 1801 e, em 16 de Agosto de 1803, por dom Rodrigo de Sousa Coutinho.

A viagem começa no dia 29 de novembro de 1807,saindo do porto de lisboa e comandada pelo vice-almirante Manuel da Cunha Souto Maior.

BIBLIOGRAFIA

Enciclopédia de História Globo Multimídia

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u378947.shtml

09/08/2008

OLIVEIRA LIMA, Manuel de - D. João VI no Brasil, 2a ed, Rio de Janeiro, José Olympio, 1945.

SEPÚLVEDA, Cristóvão A. M. - História Orgânica e Política do Exército Português - Provas, volume XVII, Invasão de Junot em Portugal, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1932.

SARDINHA, António - Ao Ritmo da Ampulheta, 2ª edição, Lisboa, Biblioteca do Pensamento Político, 1978, pp. 246-256.

WILCKEN, Patrick - Império à Deriva. A corte Portuguesa no Rio de Janeiro 1808-1821. Trad. de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Objetiva. 2005.



Postado pelo aluno Nycollas, Número 40515

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